Por que fósseis marinhos são achados no topo de montanhas? Questão viralizou; saiba a resposta

Nos últimos dias, viralizou nas redes sociais um vídeo em que um grupo de aventureiros encontra uma série de fósseis de moluscos marinhos enquanto realiza uma trilha no topo de uma montanha. A gravação divulgada na terça (4) já soma mais de 6,9 milhões de visualizações só no X (antigo Twitter).
Esse caso trouxe à tona diversas dúvidas sobre como seria possível que tais registros acabassem por ali, em um local tão distante do mar. No entanto, a resposta é mais simples do que parece – e não tem nada a ver com o “grande dilúvio” bíblico, como alguns sugerem, nos comentários da publicação.
Veja o registro:
Explain this️‼️ pic.twitter.com/jzxKPJFR7d
— Nature is Amazing ☘️ (@AMAZlNGNATURE) March 4, 2025
Os achados podem ser explicados por um fenômeno natural da Terra: o geodinamismo, mais especificamente as movimentações das placas tectônicas (também conhecidas como placas litosféricas). Conforme essas estruturas se deslocaram sobre o magma no interior do planeta ao longo dos milênios, a superfície que a humanidade hoje habita mudou drasticamente.
Algumas áreas podem ter formado falhas ou fraturas em decorrência dos movimentos divergentes das placas, isso é, o seu afastamento. Enquanto isso, os relevos caracterizados pelas altas altitudes, como montanhas e vulcões, foram originados pelo movimento convergente, que resulta da colisão dessas estruturas.
Dessa forma, embora não seja possível identificar com precisão qual montanha o grupo do vídeo estava escalando, é possível confirmar que os fósseis identificados por eles não “chegaram” simplesmente ao topo do relevo. Na verdade, esses registros da vida marinha antiga foram depositados há milhares de anos no fundo do mar, que, devido à atividade tectônica, subiu para além da superfície.
Como destaca o site IFLScience, o Everest e o Himalaia, dois dos montes mais famosos do mundo, foram gradualmente formados pelas colisões entre as placas continentais da Eurásia e da Índia, em um processo iniciado há 40 e 50 milhões de anos. Não à toa, neles também podem ser escavados fósseis marinhos.
No cume do Everest, calcário de rocha sedimentar esconde várias criaturas fossilizadas dos oceanos do período Ordoviciano (488,3 a 443,7 milhões de anos atrás). Tais fósseis são encontrados por toda a Cordilheira do Himalaia, e incluem trilobitas, braquiópodes, ostracodes e crinoides.
(Por Arthur Almeida)