Ex acusa suplente de deputado estadual de violência doméstica
O suplente de deputado estadual Hugo Henrique Garcia (Republicanos), de 43 anos, está sendo acusado de ameaça e violência doméstica pela ex-esposa em Nova Mutum (a 238 quilômetros de Cuiabá). Ele nega o crime.
“Cansada de vivenciar todos os dias essas violências, a vítima pediu novamente para o autor o divórcio”
Hugo Garcia, que também é empresário e produtor rural, disputou a eleição de 2022, recebendo 6.774 votos.
O casal teve uma relação de 21 anos e se separou em dezembro de 2023. Juntos eles têm dois filhos – um rapaz de 17 anos e uma menina de 11.
No dia 18 de dezembro, ela registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher da cidade. No documento, ela disse que o suplente a agrediu física e verbalmente durante todos os anos em que estiveram juntos.
Segundo o documento, a ex-esposa afirmou ainda ter descoberto “diversas traições” do marido, em outubro de 2022. À época, ela diz que quando pediu o divórcio o marido a teria “puxado” e “empurrado”, além de tê-la supostamente agredido com “socos” e “tapas”.
Ela afirmou que teria sido agredida na tarde do dia anterior ao registro do B.O..
“Cansada de vivenciar todos os dias essas violências, a vítima pediu novamente para o autor o divórcio e o mesmo respondeu […]: ‘Para a gente se separar, vai ser só se você morrer’, ‘você está destruindo nossa família”‘, diz trecho do documento.
A mulher conta também que em um dos episódios o filho de 17 anos ficou assustado e saiu correndo para fora da casa a fim de pedir ajuda aos vizinhos.
Ainda segundo o B.O., a vítima está fazendo tratamento psicológico devido à depressão.
O pai dela também registrou um boletim de ocorrência, no dia 19 de dezembro, afirmando que o genro o ameaçou de morte quando os dois se falaram por telefone. “Eu vou te matar, seu velho safado”, teria dito o suplente, conforme consta no B.O..
Negou o crime
A reportagem do MidiaNews conversou com um dos advogados do empresário, que atua em conjunto com a advogada Marianne Cardoso Júlio.
Ele negou que seu cliente tenha agredido a ex e informou que, na manhã de terça-feira (30), foi ex-esposa quem quase acabou presa ao fazer uma falsa comunicação de crime.
“Não existiu violência, nunca existiu”, disse o advogado.
O casal ficou junto por mais de duas décadas sem apresentar, segundo a defesa, problema algum. E no dia 18 de dezembro ela teria registrado o boletim de ocorrência sem que tivesse havido qualquer tipo de violência, diz.
“Ela confeccionou um boletim de ocorrência e pediu uma medida protetiva. Foi concedido, como a qualquer mulher que pede uma medida protetiva. Hoje a regra é conceder”, explicou.
Segundo o advogado, seu cliente não tinha sequer conhecimento da medida protetiva quando ela foi concedida. E, no dia seguinte ao registro do B.O., a mulher teria desaparecido com os filhos do casal.
“Tem o circuito de monitoramento da casa, que vai comprovar nos autos. Ela faz o boletim de ocorrência, supostamente por uma violência, e volta para dentro de casa, dorme com ele, toma o café da manhã, ele dá um beijo nela e sai para trabalhar. Tem tudo isso filmado”.
“Ela faz o boletim de ocorrência, supostamente por uma violência, e volta para dentro de casa, dorme com ele, toma o café da manhã”
Quando o suplente voltou à casa, segundo a defesa, a ex-esposa já teria levado os filhos para outro estado. “Depois de três dias ela ligou falando que tinha ido embora porque não queria mais o casamento. Foi o que aconteceu”, disse.
Outro B.O.
Na terça, um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar sobre a “comunicação falsa de crime ou contravenção”, supostamente cometido por ela.
Conforme o documento, a ex-esposa teria voltado a Nova Mutum e tentado entrar na empresa da família, a sede da TV Cidade Verde, para pegar documentos.
A mulher então teria ligado para o canal de emergência da PM, no número 190, para informar que o seu ex-marido teria “descumprido a decisão”. Hugo Garcia, no entanto, diz que não estava na cidade quando o acionamento aconteceu.
Conforme o registro, a ex “precisava imediatamente da Polícia Militar para cumprir a decisão”.
Mas, ainda conforme o B.O., quando os policiais chegaram ao local encontraram apenas a vítima e os colaboradores da empresa.
Segundo o advogado, que estava com Hugo Garcia em Cuiabá, a ex-esposa entrou na empresa dizendo aos funcionários que “queria todos para fora e que queria todos os documentos que lhe pertenciam”.
“A suspeita relata que ele [ex-marido] encontra-se em Cuiabá-MT com o advogado e que acionou a Polícia Militar para franquear a entrada no prédio e fazer com que os colaboradores da TV Cidade Record entregassem todas as documentações”, diz trecho do boletim de ocorrência.
Os policiais informaram que não poderiam franquear a entrada dela e nem obrigar nenhum funcionário a lhe dar qualquer documentação.
“Fica constatado que a medida protetiva não foi descumprida, uma vez que o Sr. não se encontra nesta urbe durante o atendimento deste B.O”, diz outro trecho do documento.
A mulher foi conduzida para a delegacia e responderá por falsa comunicação de crime.
(MidiaNews)