Cuiabanos fazem força-tarefa por doação ao RS: “Estamos aflitos”
A tragédia climática que tem assolado o Rio Grande do Sul tem unido a população cuiabana. A campanha de doação no Centro de Tradições Gaúchas Velha Querência, na Capital, já arrecadou mais de 200 toneladas em doações.
A Defesa Civil informou que, das 497 cidades daquele Estado, 401 foram afetadas com as enchentes, atingindo mais de 1,4 milhão de pessoas. Até o momento, 95 pessoas morreram e outras 131 estão desaparecidas.
“Só ver as postagens no Instagram estava me deixando com sentimento de impotência”
“As pessoas estão chegando cada vez mais, são solidárias. Começamos com três e agora tem mais de 70 voluntários”, disse Sheila Leite, uma das organizadoras.
A secretária do centro, Laísa Ferro, disse que as carretas e caminhões que levarão as doações estão sendo disponibilizados pelo Sindmat (Sindicato das Empresas de Transporte e Carga de Mato Grosso) e pela empresa SMT Transportes.
Até o momento, um caminhão com cinco toneladas de alimentos, produtos e roupas foi enviado para o estado gaúcho, mas o centro espera por mais três veículos de carga. Eles devem transportar 190 toneladas de doações.
“Já temos muita roupa e não precisa mais. Porém, se já estiver separado e classificado, pode trazer. Precisamos muito de água, alimento não perecível, itens de higiene pessoal, mamadeira, chupeta, absorvente, remédios e ração”, disse Laísa.
“Para quem pode, também seria importante doar dipirona injetável. O pessoal do Corpo de Bombeiros de lá ligou e pediu, porque serve tanto para os humanos quanto para os animais”, acrescentou.
Laísa explicou que, como a doação é uma campanha entre os Centros de Tradições Gaúchas de todo o País, a carga será enviada diretamente para outros centros do grupo nas cidades gaúchas. “Ontem saiu um caminhão e foi para o CTG Maragatos, que fica em Porto Alegre. Hoje, outros três ou quatro irão receber daqui”, afirmou.
No CTG Velha Querência, as doações podem ser feitas até sexta-feira (10). Voluntários para receber e organizar as doações são sempre bem vindos, levando em consideração a quantidade de arrecadação que o Centro tem recebido.
Angústia e esperança
Entre as dezenas de voluntários no galpão, estava a estudante de psicologia Ismene Jaquerod, de 23 anos. Ao MidiaNews, ela disse que decidiu participar após ver a publicação do CTG de Cuiabá no Instagram, que chamava por voluntários.
“Nós vimos que eles estavam precisando. A gente sabe que se fosse conosco, iríamos querer que alguém ajudasse. Só ver as postagens no Instagram estava me deixando com sentimento de impotência. Porque não posso estar lá, de fato”, afirmou.
“Então, com esse ponto de coleta, vi que era a oportunidade para vir ajudar. É uma questão de querer estar inserida na colaboração. O pessoal está precisando e é muito importante esse trabalho. Cheguei hoje de manhã e vou ficar até quando precisar”.
Angélica Callejas/MidiaNews
“Vi que era a oportunidade para vir ajudar. É uma questão de querer estar inserida na colaboração”
Já Laísa contou que, além de amigos, também tem familiares nas regiões atingidas pelas enchentes.
Ainda que o sentimento de angústia seja maior, ela disse que tem sido gratificante fazer parte da campanha solidária.
“Quando a gente começou a ver sobre as enchentes foi uma angústia, ficamos muito aflitos, temos parentes e amigos lá. Foi doloroso ver as cidades que a gente cresceu, que vivemos basicamente a vida toda, que visitamos todos os anos serem devastadas pelas águas. Quando a gente imaginou fazer isso aqui, não esperávamos chegar nessa proporção”, contou.
“Está sendo muito gratificante, reconfortante ver como as pessoas querem ajudar e têm abraçado causas humanitárias. Nós não esperávamos, realmente, que fosse ter essa proporção, esse tanto de gente ajudando. Achei que iríamos encher um caminhão, agora já estamos enchendo quatro e vai ter que ter mais”.
A alegria de poder ajudar quem precisa também tem sido um alento para Mariah Brambati, uma das patronas do Centro, que também tem família no estado gaúcho.
“Estamos muito tristes, comovidos, foi uma coisa sem explicação. Lá chove muito, mas não esperávamos por isso. Não tenho familiares na região alagada, mas tenho familiares nas redondezas. Queria estar lá, mas como não posso, estamos fazendo a nossa parte aqui”.
“A campanha tomou uma proporção tão grande. Estamos hiper felizes. É mercadoria, gente que vem para cozinhar, trazer marmitas, trazem galão de água gelada para os voluntários. Se doar faz parte do lema do CTG e é isso que estamos fazendo”, completou.
(MidiaNews)