Viva a mãe de Deus e nossa!
DEUSDÉDIT DE ALMEIDA
Viva a mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva virgem Imaculada, a Senhora Aparecida! Este refrão, parte do hino oficial à Nossa Senhora Aparecida, é cantado com muito fervor pelos devotos e devotas pelos quatro cantos do Brasil, hoje. Este refrão é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma brasileira, uma saudação, uma invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por seu filho Jesus no momento da sua morte para ser nossa mãe.
Jesus “disse à sua mãe: mulher eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: eis aí tua mãe” (Jo 19,26).
Maria é a mulher cooperativa que colaborou com Deus em sua obra salvadora, mediante sua obediência na fé e total generosidade, trazendo ao mundo o salvador. Sem contudo, diminuir ou nada tirar daquele que é o único salvador e mediador da salvação: o senhor Jesus Cristo. Maria nos leva a Cristo: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), ou seja, ela aponta para o seu Filho como direção e sentido da vida.
Assim afirmou o concilio Vaticano II: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui a única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com cristo, antes a favorece”. Assim afirmou s. João Paulo II, na homilia da Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida do Norte, em 1980: “A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutais a sua voz, segui os seus exemplos”.
E, como outrora, em Caná da Galileia, encaminha ao seu filho as dificuldades dos homens, obtendo Dele as Graças desejadas. A bíblia registra que o primeiro milagre de Jesus aconteceu a pedido da sua mãe. Assim, pede à mãe que o filho atende! Maria é a virgem Imaculada que precedeu, como aurora resplandecente, o sol da justiça que é o Senhor Jesus.
Ela se tornou o tabernáculo puríssimo da presença de Deus e sacrário do espírito Santo. É a nova arca da aliança. Assim como no antigo testamento, a Arca da aliança, guardava os dez mandamento da lei de Deus; Maria, no novo testamento, guardou no seu ventre a palavra eterna e salvadora do Pai: Jesus. Assim como a Arca da aliança do antigo testamento guardava o vaso do maná, que alimentou o povo; Maria guardou no seu ventre o Pão da vida eterna: Jesus, o filho de Deus. Assim como a Arca da aliança do antigo testamento guardou a vara florida do sacerdote Arão, Maria, também, guardou no seu ventre, o único, eterno e perfeito sacerdote Jesus Cristo.
Eis aí a razão porque o título Mariólógico: Arca da aliança, atribuída a mãe e Deus, é verdadeira e profundamente bíblico. Nossa Senhora aparecida é de cor preta, para exaltar da dignidade e a negritude presente na formação racial da nossa nação brasileira. É por isso, que o racismo estrutural, verdadeiro pecado social, deve ser combatido por todos.
Maria, a mãe de Deus, representa, também, o espaço da mulher na Igreja e na sociedade. A vocação de Maria é a exaltação do papel da mulher na construção da cidadania, da família, da Igreja, da política e da sociedade. Portanto, a verdadeira devoção à Nossa senhora, deve nos conduzir ao respeito e solidariedade com todas as mulheres, combatendo as relações abusivas na família e o feminicídio. Que Nossa Senhora aparecida, abençoe e guarde a nossa querida Pátria brasileira.
Que seja uma Pátria de oportunidades para todos e todas. Assim disse Aristófanes: “A pátria é onde nos sentimos bem”. É uma grande verdade. Queremos a felicidade e o bem estar de todos e todas. Mas, para isso, precisamos, juntos, construir uma pátria sem excluídos e sem excludentes! Nossa senhora aparecida, interceda pelo povo brasileiro, por todas as autoridades civis, eclesiásticas, militares e agentes de segurança do nosso País.
Que a mãe de Deus, interceda junto ao seu filho pela paz no Oriente médio, entre Judeus e Árabes. É a terra onde Jesus nasceu, viveu e morreu. Mas o nosso pedido especial à mãe do céu é para que olhe a com carinho e estenda o seu manto sagrado sobre todas as nossas crianças. Pois, elas são sinais de que Deus não perdeu a esperança na humanidade. Viva Nossa Senhora Aparecida! Viva o povo brasileiro!
Deusdédit de Almeida é sacerdote Diocesano na Catedral de Cuiabá.
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