Qual foi o motivo da morte? Enterro em massa em catedral inglesa intriga pesquisadores

Qual foi o motivo da morte? Enterro em massa em catedral inglesa intriga pesquisadores
Arqueólogos escavando o cemitério em massa na Catedral de Leicester — Foto: Mathew Morris/ULAS

Arqueólogos do Serviço Arqueológico da Universidade de Leicester (ULAS) desenterraram um verdadeiro enigma durante escavações próximas aos jardins da Catedral de Leicester, na Inglaterra. Eles descobriram um poço vertical estreito repleto de ossadas de 123 pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças. Os especialistas acreditam que este sepultamento coletivo remonta a mais de 800 anos, no início do século 12. O motivo por trás do enterro, contudo, permanece incerto.

A Catedral de Leicester, erguida há cerca de 900 anos sobre antigos assentamentos romanos, é um local repleto de história. Escavações arqueológicas revelaram uma ampla gama de vestígios que apontam para práticas funerárias variadas, além de indícios de ocupações anglo-saxônicas, romanas e até pré-históricas, com registros que remontam a mais de 15 mil anos.

O enterro em massa encontrado pertence às comunidades anglo-saxônicas. De acordo com informações do jornal The Guardian, os corpos foram colocados no poço em três depósitos, de forma rápida e brusca. A disposição deles sugere que várias carroças, carregadas com cadáveres, os despejaram uns sobre os outros no interior do poço de forma sucessiva.

A quantidade de corpos também foi outro fator que surpreendeu os pesquisadores.“Em termos de números, as pessoas colocadas lá provavelmente representavam cerca de 5% da população da cidade”, explicou Mathew Morris, oficial de projeto nos serviços arqueológicos da universidade, em entrevista ao The Guardian. “Outros enterros em fossa foram encontrados na região, mas este é o maior. Na verdade, apenas tentar encontrar enterros em fossa comparáveis ​​em qualquer lugar do país está se mostrando muito difícil.”

Diante desse enigma, os pesquisadores elaboraram algumas hipóteses. Uma das suposições é que os restos pertencem a vítimas da Peste Bubônica, uma das pandemias mais devastadoras da história, que assolou a Europa entre 1347 e 1351. Estima-se que a doença tenha causado a morte de 75 a 200 milhões de pessoas em todo o continente.

Porém, testes de datação por radiocarbono dos ossos do poço mostraram que os corpos teriam sido jogados lá mais de 150 anos antes, por volta do início do século 12. Os estudiosos decidiram então consultar registros históricos da época para buscar respostas.

As crônicas anglo-saxônicas relatam frequentemente surtos de pestilências e febres, distintas da Peste Bubônica, que tiveram um impacto significativo na mortalidade da população. Além disso, episódios de fome e inanição eram recorrentes na Inglaterra, especialmente entre meados do século 10 e 12, contribuindo para altas taxas de óbito durante esse período. “Este enterro em massa se encaixa neste período e fornece prova física do que estava ocorrendo em todo o país”, disse Morris.

Arqueólogo da Universidade de Leicester escava um possível edifício anglo-saxão na Catedral de Leicester em janeiro de 2023. — Foto: Mathew Morris / ULAS
Arqueólogo da Universidade de Leicester escava um possível edifício anglo-saxão na Catedral de Leicester em janeiro de 2023. — Foto: Mathew Morris / ULAS

A descoberta integra os resultados do projeto Leicester Cathedral Revealed, iniciado há 12 anos, após a localização dos restos mortais do rei inglês Ricardo III nas proximidades da catedral. Desde então, novas escavações foram conduzidas, culminando na construção de um Centro de Patrimônio e Aprendizagem nos Jardins da Catedral.

(Por Redação Galileu)

Astrogildo Aécio Nunes

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