Os pensadores da civilização V
GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO –
Santo Agostinho, também conhecido como Agostinho de Hipona, foi um dos pensadores mais influentes da história da filosofia e da teologia cristã. Nascido em 354 d.C., na cidade de Tagaste, na atual Argélia, Agostinho viveu em uma época de grandes mudanças e questionamentos intelectuais. Sua busca incessante pela verdade e sua abordagem filosófica única deixaram um legado, impactando não apenas o pensamento religioso, mas também a filosofia e a cultura ocidental.
Foi através de seu encontro com o neoplatonismo, especialmente as obras de Plotino, que Agostinho encontrou um caminho para reconciliar sua fé com a filosofia. O neoplatonismo enfatizava a existência de um princípio supremo, que poderia ser alcançado por meio da contemplação e do amor. Agostinho adotou essa visão e a incorporou em sua compreensão do cristianismo, argumentando que Deus é a fonte última de todo ser e que a verdadeira felicidade só pode ser encontrada através da união com Ele.
Saiba mais:
– Racionalidade eficaz
Uma das obras mais famosas de Santo Agostinho é “Confissões”, onde ele explora sua própria jornada pessoal em busca de Deus e da verdade. Nessa obra, Agostinho retrata sua vida anterior como uma busca infrutífera por prazeres mundanos. Ele descreve suas lutas internas, suas dúvidas e suas reflexões sobre os problemas filosóficos e morais que enfrentou ao longo de sua jornada.”Confissões” é um testemunho poderoso da capacidade humana de buscar a verdade e do poder transformador da fé.
Também, sua teoria do conhecimento influenciou o pensamento epistemológico posterior. Agostinho argumentava que o conhecimento verdadeiro só pode ser alcançado através da iluminação divina, afirmando que a razão humana sozinha não é capaz de compreender plenamente a realidade. Essa visão foi fundamental para o desenvolvimento posterior da teologia cristã e teve um impacto duradouro na filosofia ocidental.
Além disso, Agostinho também trouxe contribuições importantes para a ética e a filosofia política. Em suas obras “A Cidade de Deus” e “A Doutrina Cristã”, ele explorou questões relacionadas à justiça,ordem social e moralidade. Agostinho argumentava que a verdadeira justiça e a verdadeira ordem só podem ser alcançadas através da obediência às leis divinas e da busca do bem comum. Ele defendia que a sociedade ideal é aquela que promove a busca da virtude e da justiça.
No entanto, o pensamento de Santo Agostinho não é isento de controvérsias. Algumas críticas foram levantadas contra sua visão do mal e sua concepção da natureza humana. Agostinho argumentava que o mal não é uma substância ou uma entidade em si, mas uma privação do bem.
Apesar das críticas, é inegável que o pensamento de Santo Agostinho deixou um impacto profundo na história da filosofia e do pensamento ocidental. Sua abordagem única, que combinava elementos da filosofia neoplatônica com o cristianismo, influenciou não apenas a teologia, mas também a filosofia política, a ética e a epistemologia. Agostinho enfatiza a importância da busca pela verdade, da necessidade de reconciliar a razão com a fé e da importância de uma vida moral e virtuosa.
Agostinho encoraja para nunca deixar de questionar, explorar e buscar a verdade, pois é nessa busca que encontramos o significado e a plenitude da vida. Santo Agostinho permanece como uma voz influente e inspiradora para todos os que se aventuram na busca dos horizontes filosófico e espiritual.
É por aí…
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (SAÍTO) tem formação em Filosofia, Direito e Sociologia (PPG UFMT). É juiz de Direito na Comarca de Cuiabá e é responsável editorial pelo Bedelho Filosófico.
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