Nhem nhem nhem do portão do inferno
ONOFRE RIBEIRO
Desde o dia 11 de dezembro último, o trecho da rodovia MT-251, conhecido como Portão do Inferno, entrou uma gangorra de vai e vem burocrático. Um grande deslizamento de terra e de pedras interrompeu parcialmente o tráfego na rodovia que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães e ao Leste do Estado.
A possibilidade de deslizamentos não é nova. É conhecida e reconhecida há muitos anos. A rodovia foi construída pelo governo de Mato Grosso em 1978.
Na época o administrador do Parque de Chapada dos Guimarães era o Ibama. Não havia conflito na convivência, tanto que o governo estadual realizou a pavimentação sem conflitos com o órgão federal.
Mais tarde foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio. Desde então nasceram os conflitos alimentados pela forte ideologia que comanda as decisões do instituto.
O fato, porém, é que a partir do dia 11, data do primeiro deslizamento, a burocracia dominou o assunto. Não importou o fechamento alternado do tráfego pra Chapada. Cidade turística, estava preparada pra um natal e réveillon com grandes investimentos públicos e privados. Morreu tudo. A única alternativa de ida a Chapada foi um atalho de atoleiros ou subir a Serra de São Vicente.
Sem noção da realidade, os burocratas lavaram as mãos. Pesa ainda a pendência sobre a concessão privada do Parque. O ICMBio está magoado com as atitudes do governo estadual contrárias à privatização nos moldes propostos. Aí lavou mesmo as mãos.
Aqui a burocracia de Estado mostra a sua dureza e confusões. Governo de Mato Grosso, Ministério Público, justiças federal e estadual, Assembléia Legislativa, Prefeituras de Cuiabá e de Chapada entraram numa lota corporal de gordos envelhecidos. Resultado nenhum.
Objetivamente a Secretaria de Infraestrutura do governo estadual assumiu parte imediata do problema pra garantir o tráfego mínimo. Mas resolver de vez, só com a autorização do ICMBio, encastelado em Brasília.
Porém, faltou pressão. Deputados estaduais se queixando nas redes sociais. Nada mais. Poder pra forçar soluções teriam, se quisessem. O comodismo das redes sociais não deixou. Ministério Público, sumiu. Prefeitura de Chapada sumiu. Só queixas nas redes sociais. Nada de ações populares ou de atitudes de autoridades.
No mais o problema revelou a fragilidade dos órgãos governamentais pra lidar com os problemas reais da sociedade, apesar dela sustentar a sua existência. Lamentável!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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