Homicídios de menores caem 25%, mas volume de atos infracionais dispara em Cuiabá

Homicídios de menores caem 25%, mas volume de atos infracionais dispara em Cuiabá
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Homicídios dolosos contra menores de idade tiveram uma queda de 25% no primeiro semestre do 2023 em Mato Grosso, quando comparado ao mesmo período de 2022. O ano anterior registrou 20 casos em que adolescentes foram executados, enquando que, neste ano, foram 15 ocorrências. O dado é inversamente proporcional ao cometimento de atos infracionais por menores entre 14 e 17 anos. Somente neste ano, o primeiro semestre registrou 2.075 infrações, volume que representa 59,7% do total do ano passado, quando houve 3.479 casos.

A delegada Jozirlethe Magalhães, da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), destaca que, apesar da queda de crimes contra a vida de adolescentes, a polícia vem identificando maior quantidade de infrações cometidas e observando o crescimento no número de internações.

“Apesar da queda dos homicídios, foi identificado um aumento nos casos de atos infracionais cometidos por menores de idade. De 2021 para 2022, o número de internações subiu em 10%. Além disso, a cada tempo, identificamos que a idade também vai diminuindo, e são seduzidos por membros de facções criminosas a entrarem no mundo do crime”, ponderou a delegada.

A autoridade policial ainda disse que a influência social é o grande atrativo para que esses menores se envolvam com o tráfico de drogas e outros crimes.

“Sabemos que muitos destes menores acabam sendo seduzidos por essa vida, porque os faccionados que abordam estes jovens, em muitos casos, prometem uma vida de ganho fácil. E como nossa sociedade alimenta essa vida de consumismo, eles acabam sendo seduzidos a praticar estes atos”.

A delegada destacou a importância de trabalhar com a família, levando este tipo de preocupação para os lares em que residem jovens que podem ser abordados por membros de facção. Além disso, ela ainda falou sobre a influência que casos de violência doméstica podem ter na vida destes adolescentes.

“Muitas vezes, não é percebido que a violência doméstica acaba redundando em problemas morais para essas crianças que são criadas em lares violentos. Hoje, atendemos diversos adolescentes que crescerem em casas em que a violência é comumente praticada. Muitos destes menores acabam replicando a violência que eles conviviam dentro de suas casas. Temos adolescentes apreendidos que querem sair deste mundo, que não querem usar entorpecentes, ‘mas, para mim é complicado, porque, quando volto para casa, encontro um padrasto que também é usuário’”, explicou.

Ao ser questionada sobre seu pensamento a respeito da diminuição da maior idade penal como uma forma de desestimular o cometimento de crimes entre jovens, a delegada citou que, antes de entrar neste mérito, entende ser muito mais válido falar sobre a desigualdade social tão presente na sociedade.

“A sociedade precisa enfrentar as desigualdades sociais que nós temos hoje, que é muito presente em nossa sociedade brasileira, de nossas famílias que se encontraram completamente desestruturadas. Percebemos que os adolescentes, a maioria das vezes, eles não têm uma família para voltar. Pelo menos, uma família minimamente estruturada para voltar. Então, nós temos que ter este olhar de recuperar este menor. O que fazer para melhorar a vida destes adolescentes que, infelizmente, hoje, estão cometendo atos infracionais com 12 anos e, às vezes, menos”, concluiu a delegada.

(HNT)

Astrogildo Aécio Nunes

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