História que não poderia ser esquecida

História que não poderia ser esquecida
Reprodução/HNT

GABRIEL NOVIS NEVES

No dia oito de maio de 1945 os nazistas assinavam o armistício com os Aliados Ocidentais e no dia seguinte com os Russos.

No dia anterior em Berlim, o que restava do exército alemão rendeu-se às tropas russas.

O ditador alemão Adolf Hitler havia cometido o suicídio em 30 de abril de 1945.

A Força Expedicionária Brasileira ocupa Turim, Itália em 8 de maio — Dia da Vitória na Europa.

Os Aliados venceram o ‘nazi-fascismo’ que ameaçavam dominar o mundo.

Logo que a notícia chegou aqui pela Rádio Nacional, a população cuiabana saiu às ruas para comemorar o Dia da Vitória.

Muitos dos soldados da Força Expedicionária Brasileira, chamados de ‘pracinhas cuiabanos’, partiram do 16º Batalhão de Caçadores e morreram em batalhas na Itália.

Eu tinha dez anos de idade incompletos e estava cursando o último ano do ensino primário, na Escola Modelo Barão de Melgaço, na Praça Ipiranga.

Tínhamos mudado da rua de Baixo para a rua do Campo e éramos apenas três irmãos.

Papai acordava cedo, ainda escuro, para pegar a chave do bar na casa do tio Tino, que ficava em frente à Residência dos Governadores e ia até o mercado municipal para comprar carne no açougue do Fiote.

No trajeto para o bar, ele dava uma paradinha na esquina do Grande Hotel com a rua Joaquim Murtinho, para apreciar as aulas de Educação Física das alunas da Escola Normal Pedro Celestino.

As professoras eram a May do Couto, Ady de Matos, Alayde Addor.

Eu retornava para casa com a carne, pronto para ir para à escola.

Na manhãzinha do dia 8 de maio de 1945 meu pai telefonou para a minha casa dizendo que tropas federais estavam protegendo prédios públicos e o povo estava nas ruas para comemorar o Dia da Vitória.

Como não tínhamos rádio em casa, não acompanhávamos as notícias do Heron Domingues, pela Rádio Nacional do Rio. Ficava no vigésimo andar do prédio de A Noite, na Praça Mauá.

Dois fatos curiosos marcaram essa data para mim.

Encontrei no bar do meu pai, meu colega Carlos Eduardo Epaminondas, impulsionado pelas notícias da Rádio, quando me convidou para subir até a torre da Catedral para tocar os sinos.

O desafio maior foi enfrentar ‘a nuvem de morcegos’ até chegarmos aos sinos.

Logo às primeiras badaladas, todas as igrejas de Cuiabá responderam, chamando a atenção dos fiéis e surpresa no Seminário para descobrir quem teria dado a ordem.

Outro fato que não esqueço — 8 de maio de 1945, foi o dia que ‘mais fritei pastéis’, ajudando minha mãe.

Os salgadinhos para o bar eram feitos por ela.

Eu os carregava em bandejões cobertos com finas toalhas.

Aprendi a fritar pastel para ele ‘crescer’ e ficar com a sua massa ‘crocante’.

A história não poderia esquecer desta data.

Fica o meu relato do inesquecível.

(*) GABRIEL NOVIS NEVES

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Astrogildo Aécio Nunes

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