Golpes digitais em ascensão
AFONSO MORAIS
O cenário do crime digital vem passando por mudanças significativas durante e após a pandemia. Enquanto os crimes com violência diminuíram, os fraudadores têm se aperfeiçoado na aplicação de golpes digitais, montando verdadeiros ‘call centers do crime’, que operam não apenas no Brasil, mas em diversos países ao redor do mundo.
Os golpes digitais são cada vez mais sofisticados e podem ser aplicados transnacionalmente, revelando a globalização do cibercrime. Infelizmente, muitas pessoas, sem o devido conhecimento sobre segurança digital, tornam-se vítimas fáceis dessas artimanhas, clicando em links maliciosos e expondo-se a ameaças virtuais.
Embora falar sobre golpes e fraudes na internet possa ser desconfortável, é crucial discuti-los para prevenir futuras vítimas. Em 2022, a cada minuto, mais de 655 pessoas foram alvo de tentativas de golpe, de acordo com um levantamento realizado pela Psafe, uma empresa especializada em cibersegurança na América Latina.
Um estudo da empresa de segurança idwall apontou as principais tendências de golpes, fraudes e crimes cibernéticos para 2023. Entre essas tendências, destacam-se:
Fraude do GPS:
Conhecida como “spoofing de localização” ou “fraude de localização”, essa técnica permite que criminosos falsifiquem a verdadeira localização e invadam sistemas que dependem de geolocalização para liberar acessos. Embora pouco conhecida no Brasil, essa fraude já fez inúmeras vítimas. Entre março e julho de 2022, a Incognia identificou quase 4 milhões de tentativas de fraude do GPS em uma base de cerca de 100 milhões de dispositivos. Essa fraude pode ser utilizada para ocultar a localização em diversos crimes, como roubos de veículos e sequestros.
Fraude de Identidade:
Nesse tipo de golpe, criminosos roubam os dados de uma pessoa e fingem ser ela para realizar transações financeiras ou cometer crimes, como estelionato. No Brasil, essa fraude é comum e tem sido um problema crescente. Um estudo da Serasa Experian mostrou que 61% dos entrevistados já passaram por alguma experiência de roubo de dados ou conhecem alguém que foi vítima. Instituições financeiras e empresas de criptomoedas também registraram um aumento significativo de casos de fraude de identidade ao longo de 2022.
Golpes com o PIX:
O sistema de pagamento PIX, amplamente utilizado no Brasil, também se tornou alvo de golpes e fraudes. Dentre as principais tendências para 2023, destacam-se o QR code falso, em que os criminosos criam códigos falsos para roubar vítimas; o Pix agendado para compras, onde fraudadores manipulam comprovantes de pagamento; e o golpe da falsa central de atendimento, em que os golpistas se passam por instituições financeiras e induzem as vítimas a realizar Pix para testar o sistema.
Para se proteger dessas ameaças, é fundamental adotar algumas medidas de segurança:
– Crie o hábito de ocultar o endereço de IP ao usar a internet, utilizando uma VPN (Rede Privada Virtual) para proteger sua identidade online.
– Não compartilhe informações pessoais com desconhecidos e desconfie de ligações ou links suspeitos recebidos via WhatsApp ou redes sociais.
– Não forneça dados pessoais em ligações estranhas que solicitam confirmação de cadastro ou senhas.
– Utilize redes seguras de Wi-Fi e mantenha seus dispositivos protegidos com programas de segurança.
– Em caso de dúvidas, consulte um parente ou amigo com experiência em sistemas digitais antes de tomar qualquer ação.
O combate aos golpes digitais exige uma ação conjunta, e a conscientização da população é uma das principais armas para evitar novas vítimas. Além disso, a atuação da imprensa na divulgação dessas fraudes é essencial para prevenir o público e inibir a ação dos criminosos.
Afonso Morais é CEO e Fundador da Morais Advogados Associados, é especialista em combate a fraudes e recuperação de crédito empresarial. Ele também lidera o podcast “Falando de Fraudes com Afonso Morais”, onde busca compartilhar conhecimentos e dicas para ajudar a população a se proteger contra os golpes digitais.
*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Ael News.