Falta de curiosidade prévia do maníaco de Sorriso sobre notícia do crime chamou atenção de delegado

Falta de curiosidade prévia do maníaco de Sorriso sobre notícia do crime chamou atenção de delegado
Reprodução

Em entrevista para o canal do Youtube “Crimes S/A”, o delegado Bruno França disse que a falta de curiosidade de Gilberto dos Anjos sobre os comentários que surgiram a respeito do assassinato da família na vizinhança, em Sorriso (397 km de Cuiabá), foi um dos fatores que colocou o suspeito na mira da polícia. Mesmo diante da presença de um jornalista nas proximidades do local do crime, o pedreiro não mostrou interesse em saber o que se passava e o porquê da presença da imprensa por ali.

O criminoso Gilberto dos Anjos confessou ter estuprado e matado Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e suas três filhas, Miliane, de 19 anos, Manuela, de 13 anos, e Melissa, de 10 anos na madrugada de sábado (25), dentro da casa das vítimas, em Sorriso (397 km de Cuiabá). Seus corpos foram encontrados na última segunda-feira, depois que vizinhos deram falta da movimentação da família.

“Aqui em Sorriso, a Polícia Civil possui um bom relacionamento com os policiais militares e com a imprensa. Quando eu cheguei ao local do crime, já tinha um jornalista, que é bastante conhecido na região. Ele logo me chamou no canto e contou que quando começou a circular a informação de que quatro mulheres foram mortas na casa, todos os pedreiros vieram para ver o que teria acontecido, com exceção dele, que ficou sentado o tempo todo”, narrou o delegado.

Bruno disse que essa falta de curiosidade foi estranha, por se tratar de um instinto humano sempre estar alerta e saber o que está acontecendo em sua volta.

“Quando ele me contou isso, eu já fiquei esperto com ele (criminoso), porque é natural você ir querer ver. Por exemplo, quando você está trafegando de carro e vê um acidente, você passa devagar para ver, é natural, faz parte. Então, essa falta de curiosidade do Gilberto já fez eu ficar com ele na mira”, completou o delegado.

Em seguida, o policial narrou que, ao entrar na casa e notar que se tratava de um crime sexual, e não de um latrocínio como era a tese inicial, ele chamou o coronel da PM e mandou “fitar” a obra, dizendo que não era para ninguém sair do lugar.

“Quando percebi que era um crime sexual, eu pensei que aquilo só poderia ter sido feito por um homem de porte físico forte, com idade entre 30 e 40 anos. E, na obra, estava cheio desses caras. Isso somado à minha desconfiança inicial. Eu chamei todos eles e, quando checamos o nome do Gilberto no sistema, já apareceu que ele era procurado por um crime de características parecidas em Lucas do Rio Verde. Ali foi a certeza para mim, mas agora eu precisava provar”, disse.

Posteriormente, o delegado narrou que levou o suspeito para um canto e começou a perguntar se ele tinha ouvido alguma coisa, já que ele morava na obra e, devido à violência do crime, possivelmente as vítimas gritaram bastante, mas ele disse ao delegado que não ouviu nada, além de apresentar uma versão estranha do que estaria fazendo.

“Eu tinha na minha cabeça uma pegada muito clara que havia ficado na casa de um chinelo. Então, eu perguntei para o Gilberto onde estava o chinelo dele, ele disse que não tinha. Eu o confrontei e disse que era impossível um pedreiro não ter um chinelo. Após uma insistência, ele me entregou um par. Eu voltei para cena do crime, entreguei para o perito e pedi para comparar. Foi aí que o agente disse que precisava de exames, mas a marca no chão tinha uma falha, que era igual à falha que o chinelo tinha. Dessa forma, eu tive convicção que ele era o autor do crime e tinha elementos para prendê-lo”, disse.

Por fim, o delegado contou que voltou para obra e deu voz de prisão para o Gilberto pelo mandado de prisão em aberto de Lucas do Rio Verde e porque ele era o principal suspeito de ter matado a mulher e suas três filhas.

“É curioso que, quando você coloca uma certeza na cabeça, você passa a enxergar as coisas melhor. Quando eu voltei para obra com a certeza que ele fez aquilo, eu notei que na cabeça dele estava faltando cabelo, e lembrei que na mão de uma das vítimas tinha um “tufo” de cabelo, ou seja, aquilo era mais um indício claro de autoria. Quando eu pressionei novamente, ele confessou o crime ali mesmo, na obra”, finalizou o delegado.

(HNT)

Astrogildo Aécio Nunes

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