Estes seres marinhos conseguem unir seu seus corpos e se tornar um só; vídeo

Estes seres marinhos conseguem unir seu seus corpos e se tornar um só; vídeo
As carambolas-do-mar podem se fundir quando estão machucadas. É o que descobriu um novo estudo — Foto: Mariana Rodríguez-Santiago

As carambolas-do-mar (Mnemiopsis leidyi) são criaturas gelatinosas que se deslocam pelo oceano com a ajuda de pequenos “pelos”, chamados cílios. Esses animais são conhecidos por apresentar bioluminescência, que os permite emitir uma luz enquanto nadam, refletindo diferentes cores na água.

Contudo, além de seu aspecto brilhante, essa curiosa espécie possui uma outra característica surpreendente: eles são capazes de fundir seus corpos com os de outros indivíduos da mesma espécie, sincronizando seu funcionamento. A novidade foi divulgada em um estudo na revista científica Current Biology nesta segunda-feira (7).

A descoberta dessa nova característica aconteceu de forma inesperada. Como destacou a revista ScienceNews, o biólogo Kei Jokura identificou a fusão ao se deparar com um exemplar de tamanho maior que o normal flutuando em um tanque de coleta. Uma análise cuidadosa mostrou que, na verdade, eram duas carambolas unidas.

As carambolas-do-mar fundidas — Foto: Mariana Rodriguez-Santiago
As carambolas-do-mar fundidas — Foto: Mariana Rodriguez-Santiago

Para melhor compreender essa habilidade, Jokura e sua equipe do Laboratório Biológico Marinho de Woods Hole, nos Estados Unidos, capturaram algumas amostras do animal. Eles cortaram pequenos fragmentos de cada espécime e os colocaram em pratos de dissecação, posicionando as extremidades cortadas em contato umas com as outras. Em nove dos 10 pares, os locais lesados se fundiram durante a noite.

Os cientistas já tinham conhecimento da capacidade desses animais de se regenerar, mas o comportamento de se unirem após uma lesão nunca havia sido observado. As surpresas, contudo, não terminam aí: ao estimular o par de carambolas-do-mar, ambos os corpos reagiam simultaneamente, contraindo-se. Isso sugere que, além de criar uma nova camada de tecido, as carambolas-do-mar começaram a atuar como um único organismo, integrando seu sistema nervoso.

As nozes-do-mar podem se fundir quando machucadas — Foto: Mariana Rodríguez-Santiago

Imagens capturadas durante o processo de fusão também revelaram que, ao alimentar apenas um dos animais, pedaços brilhantes de camarão foram expelidos pelos poros anais de ambos. Isso confirmou que o sistema digestivo dos dois organismos também tinha começado a se unir.

Segundo a revista Science, essa capacidade de fusão resulta da ausência de uma característica biológica chamada aloreconhecimento. Em termos simples, as carambolas-do-mar não conseguem diferenciar o que faz parte de seu próprio corpo e o que não faz. Embora isso possa prejudicá-las, dificultando a identificação e eliminação de invasores, também facilita a formação de fusões com outros indivíduos.

No entanto, mais pesquisas sobre o sistema imunológico desses animais são necessárias para entender completamente essa habilidade. Compreender como isso funciona pode ajudar os cientistas a desenvolver melhores estratégias para transplantes de órgãos em humanos, já que o aloreconhecimento é o processo responsável pela rejeição de órgãos pelo corpo.

As carambolas-do-mar estão entre as espécies mais antigas da Terra, com uma origem estimada em aproximadamente 580 milhões de anos, o que as torna especialmente intrigantes. Segundo os pesquisadores, a falta de aloreconhecimento nessa espécie pode oferecer pistas valiosas sobre a evolução dessa característica ao longo do tempo.

(Por Redação Galileu)

Astrogildo Aécio Nunes

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