Caracóis à “beira da extinção” há 100 anos voltam à natureza
Os caracóis terrestres nativos das remotas Ilhas Desertas, no Atlântico Norte, ganharam uma segunda chance de sobrevivência. Isso foi possível graças a um esforço conjunto de cientistas e conservacionistas de diversas partes do mundo. Mais de 1.300 exemplares, nascidos em um programa de reprodução pioneiro no Reino Unido, foram recentemente reintroduzidos na natureza, oferecendo novas esperanças para a recuperação de uma espécie que estava à beira da extinção.
Por décadas, esses caracóis, do tamanho de uma ervilha, foram considerados extintos. Não havia registros de avistamentos há mais de 100 anos. Entre 2012 e 2017, porém, uma expedição de conservacionistas encontrou uma pequena população sobrevivente nos penhascos rochosos da Ilha Deserta Grande, no arquipélago da Madeira. Neste local, devastado por espécies invasoras como ratos, cabras e camundongos, parecia ter sido o cenário de sua extinção definitiva. No entanto, essa descoberta abriu uma rara oportunidade para a ciência.
Com a ajuda de zoológicos britânicos e franceses, como o Chester Zoo, um programa de reprodução foi criado para tentar salvar a espécie. A equipe de especialistas, liderada pelo biólogo Dr. Gerardo Garcia, começou do zero, sem nenhum conhecimento prévio sobre os hábitos desses caracóis em cativeiro.
Eles criar as condições ideais para sua reprodução foi um grande desafio, mas após meses de pesquisa e adaptação, os resultados começaram a aparecer. Pela primeira vez, os caracóis se reproduziram sob cuidados humanos.
Um novo começo
Agora os caracóis enviados de volta à natureza na Ilha Bugio, uma pequena ilha vizinha à Deserta Grande. Nesse local, as espécies invasoras foram erradicadas, oferecendo um refúgio seguro para os pequenos moluscos. Para monitorar sua adaptação, os caracóis receberam marcas em tinta infravermelha, permitindo sua identificação e acompanhamento.
O sucesso da reintrodução foi celebrado por conservacionistas como um passo importante no plano de recuperação da espécie. “Esses caracóis são uma peça fundamental no ecossistema das Ilhas Desertas. Eles ajudam a manter a saúde do solo e são parte vital da cadeia alimentar local”, afirmou Heather Prince, especialista em invertebrados do Chester Zoo, a BBC.
Dinarte Teixeira, biólogo do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, expressou a esperança renovada com a reintrodução: “Por mais de um século, pensávamos que os caracóis estavam desaparecidos para sempre. Agora, temos uma nova chance de salvar essa espécie única e garantir um futuro para elas nas Ilhas Desertas.”
Com o apoio contínuo de esforços de conservação e monitoramento, os caracóis da Ilha Desertas podem, finalmente, ter encontrado um caminho de volta para a natureza. Essa iniciativa oferece um exemplo inspirador de sucesso em um mundo cada vez mais ameaçado pela extinção de diversas formas de vida.
(Por Redação Galileu)