Assassinato de assessor parlamentar que mantinha vida dupla leva dois à prisão em Cuiabá

Assassinato de assessor parlamentar que mantinha vida dupla leva dois à prisão em Cuiabá
REPRODUÇÃO

Em fevereiro, o assessor parlamentar Wanderley Leandro Nascimento foi dado como desaparecido em postagem do deputado Wilson Santos, em Cuiabá. Segundo o parlamentar, ele havia sido visto dias antes saindo do serviço e não foi mais localizado desde então. Cerca de quatro dias depois da postagem, o corpo do homem foi encontrado dentro de um carro no município de Terra Nova do Norte (630 km de Cuiabá).

Após a localização do veículo, a polícia realizou o trajeto do carro com ajuda de câmeras de segurança e conseguiu prender Richard Estaques Aguiar Silva Conceição, que confessou ter cometido o crime e que contou com a ajuda do comparsa Murilo Henrique Araújo Souza, que foi preso em Cuiabá.

Na delegacia, o suspeito Richard, apontado como o principal autor e planejador do crime, esclareceu toda dinâmica em depoimento.

Richard revelou que conheceu Wanderley pela Internet há quatro anos e, desde então, mantinham relações sexuais. Além disso, ele informou que a vítima realizava pagamentos periódicos a ele, no valor de R$ 4 mil por mês, pois era “o boy preferido” de Wanderley e, por isso, gostava de ajudar fincaneiramento o jovem. Ao ser questionado sobre a vítima ser casada, o suspeito reforçou que era só fachada e que o assessor gostava de realizar “surubas” com jovens.

Em um episódio narrado por Richard, ele flagrou Wanderley assediando o seu irmão mais novo. Disse que, ao ver a situação, brigou com ele e falou para nunca mais fazer aquilo. O irmão do suspeito teria dito que a vítima ofereceu R$ 100 para ficar com o garoto.

Em seguida, ele informou que conheceu Murilo, o primeiro suspeito a ser preso, no dia 13 de fevereiro e que ele “era muito louco”. Na noite em que eles se conheceram, ele teve a ideia de pichar um outdoor da Segurança Pública no bairro Tijucal.

Durante uma ‘festinha’ entre os dois acusados e a vítima, Murilo teria tido a ideia de matar Wanderley para vingar o que ele teria feito contra o irmão de Richard. Também sugeriu que, após o crime, eles roubariam tudo, celular, carro, tv e dinheiro da vítima. O interrogado disse ter alertado de que isso “daria ruim”, já que ele era muito conhecido e que o veículo possuía rastreador. Mas Murilo insistiu no plano e disse que iria executá-lo.

Na madruga de sábado, Richard disse que foi até a parte externa da casa para fumar e, quando retornou, viu Murilo deitado ao lado de Wanderley, depois de ele ter enforcado a vítima. Em seguida, o criminoso pediu para que Richard pegasse o fio do telefone e passasse em volta do pescoço de Wanderley, mas ele alegou que não conseguiu e só entregou o fio para o comparsa. Depois disso, Murilo ainda pegou uma toalha que estava molhada de líquido alcoólico e jogou em cima do rosto da vítima e apertou. Richard disse que ficou desesperado e pediu para que ele parasse, pois Wanderley já estava morto.

Após o crime, eles pediram ajuda de um homem identificado como “Anão” para colocar a vítima no banco de trás do veículo e partiram para o local onde desovariam o corpo. Após a desova, Murilo deixou Richard na casa da namorada. Por volta das 12h, Murilo foi novamente ao encontro de Richard e pediu R$ 100 para colocar combustível no veículo, pois ele iria para o município de Sorriso. O casal já havia planejado ir para Lucas do Rio Verde, para apresentar o filho recém-nascido para avó. Então, todos partiram rumo ao norte do Estado.

Richard e a namorada ficaram hospedados em um hotel durante o fim de semana e, na segunda, foram para casa de uma tia. Ele ainda disse que, no sábado, havia recebido uma ligação de alguém desconhecido ordenando-o a voltar para Cuiabá, e que se ele não voltasse, pois iria quebrar as pernas de sua mulher. Na ligação, a pessoa ordenava que dissesse onde o corpo estava e se entregasse para polícia.

Em março, os suspeitos foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e furto qualificado mediante concurso que dificultou a defesa da vítima.

TRIBUNAL DO JÚRI

Em novembro, o juiz João Bosco da Silva, da 12º Vara Criminal de Cuiabá, decidiu pela pronúncia de Richard Estaques Aguiar Silva Conceição e Murilo Henrique Araújo Souza, denunciados pelo homicídio de Wanderley Leandro Nascimento.

Na decisão de pronúncia, o juiz João Bosco Soares da Silva considerou que, apesar do laudo da necropsia ter sido inconclusivo com relação à causa da morte, não seria prudente excluir a qualificadora de emprego de asfixia. Isso porque, mesmo sem a confirmação pericial, havendo indícios da prática, cabe ao Conselho de Sentença ratificar ou não os fatos narrados na denúncia.

A única qualificadora descartada pelo magistrado foi a emboscada porque, segundo ele, as provas colhidas nos autos não indicavam que Richard e Murilo tenham atraído Wanderley para a quitinete para cometer o crime.

Astrogildo Aécio Nunes

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