Alvo de violência política de gênero, vereadora se reúne com delegada e com deputada nesta segunda
A vereadora republicana Maysa Leão registrou nesta segunda-feira(04), boletim de ocorrência contra o deputado bolsonarista Gilberto Cattani(PL) por violência política de gênero. A parlamentar já havia realizado semana passada o registro de forma virtual.
A vereadora republicana Maysa Leão registrou nesta segunda-feira(04), boletim de ocorrência contra o deputado bolsonarista Gilberto Cattani(PL) por violência política de gênero. A parlamentar já havia realizado semana passada o registro de forma virtual.
Hoje, com a delegada Judá Maali Pinheiro Marcondes – que assumiu recentemente a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, em Cuiabá -, a vereadora realiza o boletim presencial para que ele seja encaminhado à Polícia Federal por se tratar de um crime de âmbito Federal. Assim, uma ação necessária quando estão envolvidos dois parlamentares em crime tipificado como violência política de gênero.
Maysa e o deputado Gilberto Cattani protagonizam um enfrentamento histórico por conta de uma postagem feita pelo bolsonarista em seu Instagram. A republicana alega que Cattani, ao postar um recorte de 90 segundos, de um diálogo que durou mais de 1 hora, em podcast ocorrido no dia 10 de agosto, ele incita seus seguidores, pedindo por meio da legenda – ‘E você, concorda?’-, que opinem sobre um debate, incompleto. Assim, de forma subliminar, levando os internautas que o seguem nas redes sociais a ter a percepção de que ela estaria defendendo estupradores.
Ainda nesta segunda, Maysa Leão se reúne com a deputada Janaina Riva (MDB), vice-presidente da Assembleia Legislativa e presidente da Procuradoria Especial da Mulher, para discutirem quais os possíveis encaminhamentos que poderão ser dados naquela Casa de Leis ao tema.
ENTENDA A CRONOLOGIA DOS FATOS:
13/08/2023
Cattani posta o recorte do podcast em seu Instagram, recebendo centenas de comentários, dentre eles vários desejos de que a vereadora deveria ser estuprada para não defender bandido. ‘De que se ela, sua filha e mãe fossem estupradas, amarradas e retalhadas, ela não pensaria assim’. Ao demonstrar que o conteúdo gerou um entendimento equivocado nos internautas de que a vereadora seria uma defensora de estupradores.
20/08/2023
Ao tomar conhecimento do teor dos comentários e de ter sido inclusive ameaçada em seu Instagram pessoal, a vereadora comentou na referida postagem a seguinte mensagem: ‘Deputado @gilbertocattaniofc o senhor recortou um pedaço do vídeo que dá a entender que defendi estuprador. Além disso permitiu que desejassem que eu fosse estuprada, que a minha filha fosse estuprada! Um absurdo deturpar a minha fala, difamar minha atuação política, que é justamente na busca por punições mais severas, pelo cumprimento da lei, pela quebra dos ciclos de violência. O senhor que tanto se ofendeu com as ofensas proferidas à sua esposa e mãe, agora publica um recorte de fala que deturpa o entendimento do debate, e pior, ainda permite que remetam a minha pessoa ofensas de baixíssimo calão!”
29/08/2023
Não obtendo resposta através das redes sociais do deputado, a vereadora enviou um ofício para o gabinete de Cattani, solicitando que o post fosse apagado, para que as ameaças e violências contra ela cessassem.
30/08/2023
Através de um ofício enviado pelo advogado do deputado, ao gabinete da vereadora, Cattani informa que não apagará o post e ainda diz para a vereadora usar meios legais, se quiser que ele apague a publicação.
31/08/2023
A vereadora protocola na Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa um pedido de providências quanto ao fato. Anexando todas as provas do ocorrido, inclusive, o ofício em que o deputado responde que não vai apagar a publicação. Neste mesmo dia 31/08/2023 a vereadora registra o boletim de ocorrência por incitação ao crime de ódio e violência política de gênero.
Em resposta aos pedidos, o deputado protocola uma ação criminal contra a vereadora, alegando crimes de calúnia, difamação e injúria, além de protocolar um pedido de cassação do mandato da parlamentar na Câmara de Vereadora da capital por quebra de decoro parlamentar.
Maysa recebeu a negativa com bastante perplexidade. “Estive em uma entrevista com o deputado, em um debate de 1 hora e 26 minutos bastante respeitoso. Ao fazer o recorte de 90 segundos e postar no Instagram, o deputado poderia alegar que não imaginaria a interpretação dos internautas, mas a partir do momento que ele foi informado da gravidade da repercussão, poderia definitivamente apagar o post. Eu não compreendo esse apego em não apagar a publicação, e cessar todo o mal que vem me acontecendo. Para completar, o deputado me processa por relatar um fato público e notório”.
Nesta segunda, Maysa reiterou que o post ainda está lá nas redes dele para quem quiser conferir. Assim, bem ao contrário do que vem sendo divulgado em alguns sites de que o parlamentar estadual o teria apagado.
“Está lá para quem quiser conferir, inclusive, os comentários carregados de ódio. Estou consternada com tanta violência, abalada emocionalmente pelas ameaças e nem acredito que este tenha sido o fechamento do agosto lilás, mês em que conscientizamos e debatemos o fim da violência contra mulheres”.