Crianças da Era do Gelo brincavam em poças de pegadas de preguiças gigantes

Há mais de 11 mil anos, crianças que viveram na América do Norte brincaram em poças de pegadas de preguiças gigantes enquanto caminhavam com suas famílias no que é hoje o Parque Nacional White Sands, no estado norte-americano Novo México. Indícios dessa curiosa cena de algazarra foram descobertos por pesquisadores da Universidade Bournemouth, na Inglaterra.
Eles identificaram as pegadas de preguiça e as das crianças em um leito de lago seco, onde correram e mergulharam na trilha dos animais. Essas pistas estão preservadas há milênios, desde a época do Pleistoceno, período que começou há 1,7 milhões de anos e acabou há cerca de 10 mil anos.
Embora a descoberta não tenha sido ainda publicada em periódico científico, Matthew Bennett, autor do estudo junto de seus colegas, planeja registrá-la em artigo nos próximos meses. A intenção é ajudar cientistas que estão estudando trilhas semelhantes a determinar quantas pessoas andaram por elas e em qual período de suas vidas.
Trilhas e rastros
Bennett viajou para White Sands mais de uma dúzia de vezes nos últimos cinco anos, localizando pegadas humanas da Era do Gelo e da antiga megafauna, composta por animais com mais de 45 quilos. Mesmo que os indícios deixados no Novo México tenham sido distorcidos pela lama mole, o especialista decidiu compará-los com dados atuais de crescimento infantil para deduzir a idade das crianças.
Ele identificou mais de 30 pegadas cruzando o rastro de preguiça, provavelmente de pequenos hominídeos com idades entre 5 e 8 anos. “Todas as crianças gostam de brincar com poças de lama, que é essencialmente o que ocorre”, comenta Bennett em entrevista ao site Live Science.

De acordo com Bennett, as enormes preguiças que deixaram as pegadas provavelmente weam da espécie extinta Nothrotheriops e tinham quatro patas e um tamanho que ia de uma vaca atual a um urso. “Cada impressão de preguiça é na verdade uma impressão dupla”, conta o especialista. “Ao abaixar as patas dianteiras, a pata traseira vem e pisa nelas. Essa combinação de pata dianteira e traseira dá às marcas um formato de rim.”
Cada uma das pegadas gigantes mede quase 40 centímetros de comprimento. São rasas, com cerca de 3 centímetros de profundidade, mas foram profundas o suficiente para encher de água e encantar as crianças.
As pegadas dos pequenos são vistas com frequência em White Sands, provavelmente porque eles corriam deixando centenas dessas marcas por dia, de modo parecido com as crianças atuais.
Os mais novos ficavam juntos dos adultos enquanto procuravam por comida. “No passado, você apenas levava seu filho para o trabalho. E se o trabalho fosse atravessar o antigo leito do lago para rastrear um animal, você teria levado seu filho com você”, explica o pesquisador.
(REDAÇÃO GALILEU)