Espécie de marsupiais semelhantes a cangurus ressurgem após perigo de extinção

Espécie de marsupiais semelhantes a cangurus ressurgem após perigo de extinção
O bettong de cauda de escova está na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas desde 2012 — Foto: Wikipedia/ JJ Harrison

O bettong de cauda de escova, espécie do gênero Bettongia, um pequeno marsupial que lembra um canguru, foi resgatado da beira da extinção graças a um esforço conjunto de cientistas, ambientalistas e comunidades australianas. Esse animal, também conhecido como woylie ou yalgiri, desempenha um papel crucial na preservação da biodiversidade de seu habitat, ajudando a manter o equilíbrio ecológico com suas atividades de escavação. Contudo, por mais de um século, sua população foi dizimada devido à introdução de predadores e à destruição da sua região.

Originalmente encontrado em mais de 60% da Austrália continental, o bettong de cauda de escova viu sua população encolher drasticamente entre 1999 e 2010, com uma perda de 90% de seus números. Essa espécie está na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) desde 2012, como criticamente ameaçada.

A redução da sua população aconteceu devido o aumento da presença de raposas e gatos selvagens, juntamente com doenças como parasitas sanguíneos, afetou diretamente a sobrevivência da espécie. No entanto, a Northern and Yorke Landscape Board iniciou o projeto Great Southern Ark, renomeado como Marna Banggara em homenagem aos povos nativos Narungga, com o objetivo de restaurar a fauna local.

“Estamos no caminho de recuperar a diversidade ecológica que existia antes da colonização europeia”, afirmou Derek Sandow, gerente do projeto, à CNN. Ele tem testemunhado um crescimento na população dos bettongs, devido 22 das 26 fêmeas monitoradas estavam carregando filhotes.

O projeto teve início em 2019, com a criação de um grande santuário ecológico na Península Yorke, na Austrália Meridional. Para garantir a segurança da fauna local, foi construída uma cerca de perímetro de 25 quilômetros, que protege o espaço de predadores. O bettong de cauda de escova foi a primeira espécie a ser reintroduzida neste ambiente protegido, com a ajuda de quase 200 indivíduos que foram cuidadosamente selecionados de populações restantes em outras áreas da Austrália.

O Impacto Ecológico dos Bettongs

O bettong de cauda de escova é mais do que uma espécie de marsupial; ele desempenha uma função vital no ecossistema. Seu apetite por fungos, sementes e insetos os leva a cavar no solo, um comportamento que ajuda a aerificar a terra e promove a germinação de novas plantas.

O animal contribui na germinação de novas plantas da sua região — Foto: Flickr/ dilettantiquity
O animal contribui na germinação de novas plantas da sua região — Foto: Flickr/ dilettantiquity

“Um único yalgiri pode revirar de duas a seis toneladas de solo por ano”, explica Sandow. Essas atividades de escavação não apenas ajudam as plantas a crescerem, mas também melhoram a filtragem da água e favorecem outras espécies que dependem desses ecossistemas para sobreviver.

Este comportamento fez com que o bettong fosse apelidado de “o pequeno jardineiro da natureza”. Em vez de simplesmente consumir recursos, ele é parte de um ciclo natural que sustenta e renova o ambiente ao seu redor.

Expectativas Superadas

Os resultados do programa de reintrodução estão superando as expectativas. Não só a população de bettongs está se recuperando, mas também há um impacto positivo nas comunidades locais. O projeto tem atraído atenção internacional, com implicações não apenas para a conservação, mas também para o turismo e a agricultura local. A restauração do habitat e a proteção de espécies nativas têm contribuído para o aumento do interesse por ecoturismo, uma tendência crescente na região.

Garry Goldsmith, membro da comunidade Narungga, que trabalha no projeto, destaca a importância de se aprender com essa experiência. “Queremos usar esse conhecimento para trazer outras espécies extintas de volta, o que pode mudar o futuro da nossa biodiversidade local.”

(Por Redação Galileu)

 

Astrogildo Aécio Nunes

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