Cientistas revestem bactérias com “capa de Superman” para criarem remédios
As bactérias fazem parte do nosso dia a dia e, algumas delas, inclusive, desempenham um papel essencial para o funcionamento das nossas indústrias química e farmacêutica. Sem elas, o ritmo de produção de cervejas, cremes faciais, biodiesel, fertilizantes, insulina e penicilina seriam completamente diferentes. Mas o uso desses microrganismos gera um alto gasto energético e dano ambiental.
Foi pensando nesses desafios que uma equipe liderada por Changzhu Wu, da Universidade do Sul da Dinamarca, focou os seus esforços para tornar bactérias industriais mais robustas. A ideia é reduzir a energia, o tempo e os produtos químicos necessários para cultivar esses microrganismos, aumentando sua vida útil. A descoberta foi detalhada em um artigo na revista Nature Catalysis, publicado nesta quarta-feira (11).
Com isso, o microrganismo mostrou-se capaz de reduzir a sua demanda por energia, tornando todo o processo de produção de substâncias mais sustentável.
E.coli
Embora a E. coli seja frequentemente associada a doenças transmitidas por alimentos, ela também é amplamente utilizada na indústria farmacêutica para produzir medicamentos essenciais. Trata-se dos casos da insulina e dos hormônios de crescimento, por exemplo.
No geral, a indústria usa grandes quantidades dessa bactéria. E substituí-las exige muito do meio ambiente, da energia e do tempo, devido a fatores como altas temperaturas, níveis extremos de pH, radiação UV e exposição a solventes.
Assim, ao desenvolver sua “capa do Superman”, a equipe buscou um material que pudesse envolver as bactérias, sem interferir com a sua interação com o ambiente. Isto é, protegê-las, evitando prejudicar suas reações químicas.
“Nós essencialmente enxertamos uma membrana celular da bactéria E. coli com polímeros, alcançando dois resultados importantes”, conclui Wu. “Primeiro, a bactéria se tornou mais forte e mais eficiente, e pôde realizar reações químicas complexas mais rapidamente. Segundo, ela se tornou mais protegida, permitindo múltiplos usos”.
(Por Arthur Almeida)